A educação nem sempre é cercada por êxitos e aprovações. Muitas vezes, encontramos problemas que deixam os alunos bloqueados diante de um processo de aprendizagem, que assim são caracterizados pela família, professores e colegas.
É importante que todos os envolvidos no processo educativo, tantos os professores quantos os pais, estejam atentos a essas dificuldades, observando constantemente se são momentâneas ou se persistem durante um tempo.
Mas... O que é a dificuldade de aprendizagem?
A dificuldade de aprendizagem:
Os primeiros estudos realizados sobre a temática remontam ao ano de 1800. Porém, em 1963, a expressão “dificuldades de aprendizagem” foi oficializada por Samuel Kirk na Conference on Exploration into Problems of the Perceptually Handicapped Child, nos EUA.
Uma definição mais atual pode ser dada por Luís de Miranda Correia (2008):
“As dificuldades de aprendizagem específicas dizem respeito à forma como um indivíduo processa a informação – a recebe, a integra, a retém e a exprime -, tendo em conta as suas capacidades e o conjunto das suas realizações. As dificuldades de aprendizagem específicas podem, assim, manifestar-se nas áreas da fala, da leitura, da escrita, da matemática e/ou da resolução de problemas, envolvendo défices que implicam problemas de memória, preceptivos, motores, de linguagem, de pensamento e/ou metacognitivos. Estas dificuldades, que não resultam de privações sensoriais, deficiência mental, problemas motores, défice de atenção, perturbações emocionais ou sociais, embora exista a possibilidade de estes ocorrerem em concomitância com elas, podem, ainda, alterar o modo como o indivíduo interage com o meio envolvente.” (Correia, 2008, p. 46).
E o que causa as dificuldades de aprendizado?
As dificuldades de aprendizagem podem decorrer de fatores orgânicos ou emocionais, e é importante que sejam investigadas e descobertas a fim de serem trabalhadas a favor do processo educativo, analisando se estão relacionadas a cansaço, sono, tristeza, agitação, dentre outros fatores que desmotivam o aprendizado e o rendimento.
Logo, é importante e necessária uma investigação mais aprofundada, através de psicopedagogos e médicos, que determinarão quais são as causas da dificuldade do aluno.
Quais são as principais dificuldades de aprendizado?
Dislexia: De origem neurobiológica, possui como principal característica a dificuldade de ler e escrever. Apresenta alguns sintomas como:
Atraso na habilidade de leitura, escrita e dificuldade na fala;
Dificuldade de memorização de palavras e de regras ortográficas;
Troca de letras com sons ou grafias parecidas.
É importante se atentar!
O aluno com dificuldades de aprendizagem muitas vezes sente-se rejeitado pelo colega, o que pode causar uma exclusão em sala de aula.
Discalculia: É uma desordem neurológica que afeta principalmente a habilidade da pessoa em compreender e operar com números. Alguns sintomas da discalculia envolvem:
Dificuldade na leitura, escrita e compreensão de números e símbolos matemáticos;
Dificuldades em nomear e compreender números e conceitos matemáticos;
Dificuldade na realização de operações mentais.
Disgrafia: Apresentam dificuldade na escrita, cometendo diversos erros de ortografia e na formação das palavras. A disgrafia, em alguns casos, pode estar relacionada a problemas psicomotores. Alguns sintomas são:
Dificuldade na formação de letras;
Letras muito largas, letras muito pequenas ou de tamanho variável;
Letras sobrepostas;
Espaçamento e alinhamento inconsistentes.
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH): De ordem neurológica, traz consigo sinais evidentes de inquietação, desatenção e falta de concentração. Os sintomas mais comuns são:
Conduta agressiva, irritação e impulsividade;
Falta de atenção, dificuldade de concentração e esquecimento frequente;
Ansiedade e excitação.
Você sabia?
No dia 19 de setembro comemoramos o dia da consciência do TDAH.
Aproveite e assista o #FazResponde sobre o assunto:
Como ajudar seus alunos com dificuldades de aprendizado?
Para auxiliar esses alunos com dificuldade, existe uma série de ações que a escola pode colocar em prática. Confira algumas delas:
Acompanhamento e avaliação diagnóstica:
É papel do coordenador e professor acompanhar as crianças individualmente durante todo o ano para verificar se elas estão se desenvolvendo.
Para tanto, são necessários instrumentos de registros e avaliação diagnóstica, que ajudarão a compreender quais são as dificuldades do aluno, a fim de diagnosticar e avaliar a melhor estratégia para traçar um plano de ação.
Reuniões com os docentes:
Realizar reuniões frequentes é uma boa estratégia para os professores compartilharem experiências, pensarem em soluções para problemas comuns e, desta forma, refletir sobre o processo de ensino e aprendizagem.
Formação de grupos produtivos:
Um grupo produtivo é formado por alunos de alto desempenho e baixo desempenho, para que o aluno de alto desempenho ajude nas dificuldades do aluno com baixo desempenho. Desta forma, os alunos ganharão autonomia e também irão trabalhar a empatia e a colaboração.
Parceria com a família:
A parceria entre pais e escola é essencial para garantir um melhor desempenho do aluno em sala de aula. A escola tem o dever de conversar com os pais e dar apoio à criança, seja no afeto ou no incentivo, além de acompanhar a sua evolução.
Grupos de estudo/reforço:
Outra possibilidade é organizar grupos de apoio em período contraturno à aula e, antes disso, é necessário que o aluno passe por acompanhamento e avaliações regulares para identificar se estão evoluindo e se ainda precisam do apoio.
Os professores podem ser a principal ponte de identificação e descoberta dessas dificuldades, mas não possuem formação específica para realizar tais diagnósticos, que devem ser realizados por psicopedagogos, médicos e psicólogos. Logo, cabe ao professor a observação e o auxílio ao aluno no seu processo de aprendizagem, tornando as aulas mais motivadoras, não o rotulando, mas auxiliando na descoberta de suas potencialidades.
Dicas de leitura:
Dificuldades de aprendizagem no Contexto Psicopedagógico – SISTO, Fermino Fernandes, et al. – Editora: Editora Vozes; Edição: 8ª
Dificuldades de aprendizagem – O que são? Como tratá-las? – Editora: Artmed; Edição: 1ª
* Júlia Bosso é formada em Letras pela Universidade Paulista e cursa Pedagogia pela Universidade de Taubaté. Foi professora de Ensino Fundamental I durante um ano e atualmente é analista de Pesquisa e Desenvolvimento de Produtos Educacionais.