Está na hora do jantar, mas o seu filho pede para assistir desenho no tablet. Como você está exausta e culpada por ter passado o dia todo trabalhando e longe dele, acaba deixando e pensa “quando ele tiver fome vai pedir a comida”.
No outro dia, a mesma situação acontece, só que dessa vez você sente como se ele estivesse passando dos limites e te controlando. Esse sentimento atrelado a todo o stress e correria do dia a dia faz com que você perca a paciência e grite com ele.
Horas depois você está se cobrando por ter agido assim e, para compensar a grosseria, atende ao próximo pedido sem hesitar. Mas daí, na sua cabeça, não para de martelar a frase “preciso impor limites”, e aí está formado o círculo vicioso.
A disciplina positiva defende o meio termo entre o autoritarismo e a permissividade. A educação é baseada no equilíbrio entre a firmeza e a gentileza, valorizando a empatia e a comunicação.
Para quem defende e aplica esse conceito, ser gentil significa respeitar a criança enquanto indivíduo, aceitando suas condições intrínsecas.
Entre os fundamentos da disciplina positiva, podemos destacar:
Ser amável e firme ao mesmo tempo;
Ajudar a criança a sentir-se aceita e importante;
Ensinar habilidades para a vida;
Você que está lendo esse artigo pode pensar “ok, muito bonito o conceito, mas na prática é muito mais complicado do que parece”. Concordo plenamente. Apesar de ainda não ter filhos, acompanhei o crescimento dos meus sobrinhos e sei que educar é um dos maiores desafios da vida.
Um dia desses, porém, conheci o perfil no Instagram “Maternidade Positiva”, da Educadora Parental Cinthia Andrade, e em um dos vídeos ela fala sobre duas dicas práticas que eu considerei viáveis. Vou dividir com vocês:
Escolhas limitadas: na hora de sair de casa, escolha duas opções de roupas para o seu filho e ele poderá decidir qual das duas ele quer colocar. Assim você evita que ele escolha um look totalmente inapropriado, mas dá a ele o direito de participar da escolha e de ter a sua opinião valorizada.
Faça mais perguntas, dê menos comandos: essa atitude incentiva a criatividade e ajuda a criança a desenvolver a capacidade de argumentação e de resolver problemas.
Pensando nos professores, fiquei instigada a pesquisar sobre como aplicar a disciplina positiva em sala de aula e descobri que uma das estratégias é envolver os alunos na busca ativa por soluções de problemas.
Veja uma ideia:
Separe um caderno grande e coloque-o em um local de acesso comum na sala de aula. Se na sua escola existe um laboratório de informática, dá para criar um arquivo junto dos alunos, imprimir e fazer um mural em sala.
Nesse caderno/mural, serão anotadas todas as situações problema que surgirem no dia a dia, bem como as soluções para cada situação. O objetivo é que todos sejam envolvidos e ouvidos, ou seja, a turma chegará a um consenso.
Por exemplo: os estudantes se desentenderam na fila do lanche? Anote no caderno/mural e instigue os alunos a pensarem em sugestões para resolver o problema.
Escreva tudo na lousa (até as resoluções que não pareçam viáveis) e proponha a eles que pensem juntos nos prós e contras de cada sugestão.
Após chegarem a um consenso, anote no caderno/mural a solução encontrada em conjunto e no dia seguinte, antes de irem para a fila do lanche, converse sobre como resolveram o problema para que ele não ocorra novamente.
Essa estratégia trabalha a capacidade de reflexão, colaboração e pensamento crítico, além de motivar o aluno, pois valoriza a sua participação.
No site www.disciplinapositiva.com.br você encontra muitas outras informações sobre esse modo de educar que, confesso, me encantou. A infância é um período de formação psíquica que deixará marcas atuantes no resto da vida do indivíduo. Ele precisa de limites, sim, mas também necessita de respeito e muito amor.
* Carolina Redlich Xavier é formada em Relações Públicas e é especialista em Gestão de Pessoas com Ênfase em Desenvolvimento Organizacional. Possui pós-graduação em Comunicação Corporativa, Marketing e Mídias e MBA em Gestão da Comunicação Integrada. Trabalha na área educacional há mais de cinco anos e atualmente é estudante de Psicanálise.