O termo alfabetização diz respeito a adquirir o domínio de um sistema linguístico, obtendo a capacidade de ler e escrever por meio das regras de um determinado idioma.
Esse processo deve acontecer nos primeiros anos escolares, salvo exceções de adultos que não tiveram a oportunidade de estudar e que, portanto, desenvolvem essa habilidade posteriormente.
Já o letramento tem início mesmo antes do indivíduo começar a frequentar a escola e se estende por toda a vida. Está ligado não somente ao desenvolvimento da leitura e da escrita, mas principalmente à capacidade de ler e escrever em diferentes contextos, utilizando a linguagem de forma interpretativa e crítica.
Vamos lá para um exemplo prático: uma pessoa já alfabetizada sabe como preencher um cheque ou escrever um bilhete. Isso, porém, não significa que ela esteja preparada para interpretar um texto literário, cheio de analogias e metáforas.
Pode-se dizer que o indivíduo alfabetizado consegue decodificar a língua e associar sons a letras, enquanto o letrado é capaz de tornar esse aprendizado significativo, utilizando-o no dia a dia em prol do seu desenvolvimento próprio e da sociedade.
Infelizmente, alguns professores ainda preocupam-se em ensinar os estudantes a compreenderem somente os códigos de leitura e escrita, como se, em um passe de mágica, eles fossem aprender a significar aquele conteúdo, analisar as informações e selecionar o que faz sentido para eles.
E quando falo sobre “fazer sentido”, cabe citar uma pesquisa realizada nos Estados Unidos que diz que, em um dia normal, 80% do que um adulto lê não é ficção. Ok... vou explicar. Isso quer dizer que a maioria daquilo que ele lê tem relação com questões práticas do dia a dia, como uma matéria de jornal ou um guia de turismo.
Acontece que, em muitos lugares do Brasil, os professores ainda se limitam aos textos de ficção. Agora pense comigo: se a criança só está acostumada a ler textos narrativos para basicamente treinar as palavras que aprendeu, como vai saber interpretar um material informativo?
E não é só a escola a responsável por expandir o processo de alfabetização, relacionando-o ao letramento, pois sabemos que o ideal é alfabetizar letrando. Também cabe à família envolver-se, incentivando as crianças a adquirirem o hábito da leitura, da produção de texto e principalmente de aprender a olhar para o conhecimento de maneira significativa.
Como a família pode ajudar na prática? Veja 5 dicas:
Incentive os pequenos a ler: conte histórias, leia contos e converse com eles para ouvir o que entenderam e o que acharam. Incentivar a criança a refletir sobre o que aprendeu com aquela experiência é essencial.
Programe passeios culturais: esqueça um pouco do shopping e do parquinho. Já pensou em levar seu filho (a) para conhecer a Biblioteca Municipal da sua cidade?
Seja exemplo: quando a criança percebe que a leitura é um hábito ao seu redor, acaba adquirindo-o de forma natural.
Leia notícias: se o seu filho já é mais crescido, em vez de ler apenas contos e histórias infantis, selecione notícias de um portal confiável na internet e leiam juntos. É importante que ele perceba a aplicabilidade das palavras em situações reais.
Em viagens: aquela tão aguardada viagem de férias está chegando? Programem o roteiro juntos e peça a ajuda da criança para colocá-lo no papel.
A parceria entre a família e a escola faz toda a diferença no processo de alfabetização e letramento. Pense nisso, aproveite as dicas e veja como atitudes simples podem contribuir diretamente para o aprendizado efetivo.
* Carolina Redlich Xavier é formada em Relações Públicas e é especialista em Gestão de Pessoas com Ênfase em Desenvolvimento Organizacional. Possui pós-graduação em Comunicação Corporativa, Marketing e Mídias e MBA em Gestão da Comunicação Integrada. Trabalha na área educacional há mais de cinco anos e atualmente é estudante de Psicanálise.