Você já ouviu falar em mindset? Entenda como esse conceito pode impactar e te ajudar em sala de aula com os alunos
Atualmente, estão surgindo muitas notícias referentes à novas metodologias, inovações dentro e fora da sala de aula, novo currículo, desenvolvimento de habilidades interpessoais, socioemocionais, entre outros. Mas dentre todos esses assuntos, um deve ganhar grande destaque – o mindset.
Mindset pode ser entendido como um conjunto de atividades mentais que podem influenciar diretamente os nossos pensamentos e comportamentos. A nossa maneira de enxergar as coisas reflete como será o nosso comportamento e quais serão as consequências disso – positivas, negativas ou neutras. De uma maneira mais simples, o tipo de mentalidade que cada um tem em relação à vida.
Os tipos de mindset
De acordo com estudos feitos pela psicóloga, professora da universidade de Stanford e uma das maiores referências nesse assunto, Carol S. Dweck, ph.D., por meio do nosso tipo de mindset, podemos ser otimistas ou pessimistas em diversos momentos de nossa vida, seja no âmbito pessoal ou profissional. Através das muitas pesquisas realizadas e descritas em seu livro Mindset – A nova psicologia do sucesso, ela conseguiu definir os dois tipos de mindset mais comuns, que podem ser identificados já nos primeiros anos de vida – mindset fixo e de crescimento.
As pessoas com mindset fixo são aquelas que acreditam que não têm determinadas capacidades (ou dons naturais) e que não são capazes de desenvolver sua inteligência. Os desafios são vistos como oportunidades para serem julgados pelos outros e sempre se sentem inseguros com o novo.
Já as pessoas com mindset de crescimento são vistas como pessoas otimistas e que acreditam que seus talentos e habilidades podem ser desenvolvidas, desde que tenham esforço, dedicação e paciência perante os novos desafios. Pessoas com esse tipo de mindset veem os desafios como uma oportunidade de crescimento e desenvolvimento e conseguem transformar as dificuldades em oportunidades, levando sempre em consideração todo o processo pelo qual passou para chegar ao resultado.
Resumidamente, no mindset fixo, pensamos que a nossa inteligência é estática; no mindset de crescimento, acreditamos que a nossa inteligência pode ser desenvolvida.
Qual é o seu tipo de mindset?
Outros estudos também mostram que, para o nosso cérebro, é mais fácil seguir um padrão, fazer sempre as mesmas coisas e, assim, gastar menos energia. É muito mais fácil para o cérebro manter uma rotina do que trabalhar a todo momento numa nova reação ou estímulo. Para conseguirmos entender que não são apenas crianças que têm esses dois tipos de mindset, preparei 3 perguntas simples para serem respondidas e que, de acordo com as respostas, vão indicar a você em qual dos dois tipos de mindset você se encontra atualmente.
1. Você prefere realizar atividades nas quais não tenha trabalho além do esperado?
2. Em sua opinião, sempre podemos aprender coisas novas, mas não conseguimos aumentar ou diminuir a nossa inteligência?
3. Você acha que o talento natural para determinadas atividades define se você obterá sucesso ou não?
Se você respondeu SIM para pelo menos duas dessas perguntas, você está atualmente no mindset fixo. Tente identificar quais momentos o levaram a julgar positivas as respostas acima. Isso vai te auxiliar a identificar o momento exato em que teve esse tipo de mindset. Uma forma bem simples de identificar seu tipo de mindset é perceber se você já desistiu facilmente de um simples jogo de smartphone quando as etapas ficaram mais difíceis. Será que alguém já chegou ao ponto de não apenas desistir, mas desinstalar o aplicativo? Baseado nisso, a seguir você verá algumas dicas para que possa iniciar seu processo de mudança de mindset.
Como iniciar o processo de mudança de mindset
1. Acredite no seu potencial – você é capaz de fazer tudo aquilo que deseja. Não se sinta inferior a ninguém. Cada indivíduo tem suas habilidades para chegar a um resultado. As decisões que você toma também devem ser valorizadas por você.
2. Tenha comprometimento – nada pior do que dizer algo a alguém e não conseguir cumprir. Tenha ciência de que outros esperam por você. Alguém pode estar se espelhando em suas atitudes sem que você nem imagine.
3. Pratique a empatia – esse é um dos itens mais básicos e que não deve ser usado apenas para mudança de mindset. Colocar-se no lugar do outro é item básico em todos os momentos da vida.
4. Pare de procrastinar – se você já começa o dia colocando mais 5 minutos de soneca no celular, já está procrastinando o momento de se levantar da cama. Se algo tem que ser feito, faça já, não fique deixando para depois.
5. Defina metas tangíveis – De nada adianta definir uma meta se for algo praticamente impossível de ser alcançado. O nosso cérebro lida melhor com recompensas a curto prazo. Portanto, não estipule grandes períodos para conseguir alguma coisa. Cuidado com a autossabotagem.
6. Seja positivo – Palavras negativas te transformam em uma pessoa negativa. Estudos mostram que pensamentos e palavras como: “eu não consigo” ou “isso é difícil” podem ter impacto direto nos resultados de quem as fala.
7. Pense fora da caixa – Essa frase já até se tornou um clichê, mas ainda é muito difícil para algumas pessoas conseguir encontrar outras alternativas além das que já se conhece. Vai continuar nas respostas óbvias? Seguindo caminhos diferentes te levará a outros resultados. Por isso, crie, recrie, desenhe, invente, faça diferente e alcance um resultado nunca antes visto. A satisfação ao final será muito maior do que fazer sempre o mesmo.
O mindset no desenvolvimento pessoal e na educação
Para incentivar sempre um mindset de crescimento nas crianças e nos próprios filhos, nós, como educadores, pais e mães, precisamos perceber os tipos de frases que usamos para elogiá-los. Elogiar a inteligência ou o “talento nato” de uma criança envia a eles uma mensagem de mindset fixo, mostrando que o processo para se chegar ao resultado não foi e não será tão valorizado.
Mesmo pais e educadores que já possuem um mindset de crescimento podem se pegar elogiando as habilidades de seus alunos ou filhos e negligenciando o processo de aprendizagem. Por isso, mantenha-se focado nos meios utilizados pelos pequenos, nas estratégias e no esforço gasto por eles na realização das tarefas. Uma simples mudança na maneira de elogiar (conduzir a processos que levem ao aprendizado) pode ter grandes resultados. Tente trocar “você aprendeu isso tão depressa”, por “parabéns pelo seu esforço para conseguir esse resultado”; ou então trocar “você é realmente muito inteligente” por “foi muito inteligente a forma que conseguiu resolver essa tarefa”.
É claro que essa mudança de mindset é possível a todos. Podemos, inclusive, levar para outras áreas da nossa vida: deixar de comer aquele docinho após o almoço ou ter certeza que será possível conseguir o emprego que tanto se almeja, desde que haja dedicação e esforço. E, tão importante quanto mudar o mindset atual, é acreditar que a mudança vai trazer benefícios que vão melhorar sua qualidade de vida e até seus relacionamentos. Então, não queira simplesmente abandonar o seu mindset fixo.
Abrace-o, apegue-se a ele; não pense que como pai, mãe, educador, apenas o mindset de crescimento e grande inteligência são esperados. A transição não é e não será fácil e, por isso, é importante identificar realmente onde e quando o seu mindset fixo vem à tona.
Se, com essas dicas, você já conseguiu identificar onde pretende persistir para alcançar resultados diferentes ou melhores, você já está dando o primeiro passo para sua mudança. Como diz Dweck, “pode ser difícil mudar, mas nunca ouvi alguém dizer que não tenha valido a pena”.