Trabalhar o socioemocional é essencial para um retorno às aulas mais acolhedor e eficiente. Veja dicas para isso.
Além dos protocolos sanitários, outro ponto merece atenção especial no retorno às aulas presenciais: o preparo socioemocional dos alunos, professores e demais funcionários das escolas.
Este é um momento sem precedentes para a educação e para o mundo. Todos tivemos de lidar com dificuldades, restrições e adaptações em um cenário de isolamento social. E isso, muitas vezes, se tornou gatilho para casos de ansiedade, depressão e outros desequilíbrios na saúde emocional.
Portanto, para o retorno às aulas, será preciso lidar com essas particularidades e garantir a alunos, professores e demais funcionários a sensação de segurança psicológica, emocional e física para que todos se sintam apoiados, conectados e incluídos.
Para isso, trabalhar o socioemocional, para que se consiga identificar, compreender e gerenciar as emoções enquanto se faz parte de um grupo, de uma comunidade, é ponto central - vale lembrar que essas habilidades são, inclusive, previstas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Naturalmente, à luz da pandemia, a forma de se trabalhá-las nesse momento terá de ser ressignificada.
Pensando nisso, a seguir, falaremos mais sobre a importância e alguns dos caminhos para trabalhar o socioemocional nas comunidades escolares. Acompanhe.
A importância de trabalhar o socioemocional dos professores e da equipe
Antes que as salas de aula sejam reabertas, é importante proporcionar aos funcionários da escola a oportunidade de processarem seus próprios sentimentos e experiências relacionadas a tudo isso, desde o impacto da pandemia como um todo até a perda do contato direto com seus alunos. A equipe é a base para a acolhida socioemocional dos alunos. Mas, para isso, primeiramente, ela precisa também se sentir acolhida e segura.
Cabe destacar que profissionais da educação que reconhecem, compreendem, rotulam e regulam suas próprias emoções têm menos probabilidade de relatar esgotamento, demonstram níveis mais elevados de paciência e empatia, incentivam a comunicação saudável e criam ambientes de aprendizagem seguros para os alunos.
Além disso, isso impacta também no engajamento e na aprendizagem dos alunos. Um estudo do Yale Center for Emotional Intelligence demonstrou que os professores encarregados de trabalhar o socioemocional dos alunos, mas que não cultivaram sua própria prática, contribuíram para que essas habilidades não fossem fortificadas em seus alunos.
Já os professores que desenvolveram suas próprias habilidades socioemocionais não apenas melhoraram seu bem-estar, como também contribuíram para melhores resultados em termos de desenvolvimento social, emocional e acadêmico de seus estudantes.
Boas práticas para trabalhar o socioemocional dos alunos, professores e equipes
Rotular corretamente suas próprias emoções, reconhecer o impacto de seus pensamentos e sentimentos e compreender como suas emoções podem afetar seu comportamento e também sua saúde física. Esses são alguns dos resultados quando se trabalha o socioemocional.
Ainda, consegue-se ter mais empatia, demonstrar preocupação genuína com o outro, tomar decisões responsáveis e desenvolver relacionamentos saudáveis. E, em um cenário de pandemia, tudo isso mostra-se ainda mais necessário para que se consiga lidar com situações desafiadoras.
A seguir, veja algumas ideias para realizar esse trabalho junto à comunidade escolar:
1. Priorizar a criação de laços e conexões
Como estamos no meio de uma pandemia global, devemos ser capazes de nos centrar e permanecer focados nas coisas que mais importam. No nível mais básico, é da natureza humana querer se sentir amado, valorizado e estar conectado com os outros. Então, a melhor maneira de superarmos este momento difícil é fazendo isso juntos.
Portanto, as secretarias de educação e gestores escolares devem priorizar na retomada a criação de ambiente propício para relacionamentos e conexões humanas saudáveis. Isso significa que será importante reservar momentos para trabalhar habilidades socioemocionais de modo mais próximo e fluido.
Incentivar o desenvolvimento de projetos e ações colaborativas para demonstrar a importância de se trabalhar em conjunto na resolução de problemas é algo indicado nesse contexto.
2. Considerar as necessidades de segurança física e psicológica dos alunos
Dado que os alunos passaram meses distanciando-se socialmente, será preciso um ajuste para se estar novamente junto com outras pessoas em um espaço de aprendizagem. Por isso, eles precisarão não apenas saber que estão fisicamente seguros na escola, como também que há uma comunidade que se preocupa com seu bem-estar.
Desse modo, transmita aos alunos e seus familiares, por meio de palavras e ações, que eles podem confiar que a secretaria e a escola estão tomando todos os cuidados para que esse retorno seja tranquilo, acolhedor e seguro para todos. Isso se estende, naturalmente, à equipe da escola.
3. Reservar tempo para (re)conexão da equipe com os alunos
Boa parte dos alunos está passando o período de isolamento social com suas famílias e apenas se conectando virtualmente com os colegas e professores. Será importante encontrar maneiras de se estabelecer uma conexão de qualidade entre as partes na volta às aulas presenciais.
Isso permitirá que a equipe compreenda melhor o espaço mental em que os alunos se encontram para conseguirem se comunicar e interagir da melhor forma possível com eles. Rodas de conversas em pequenos grupos ou agendamento de horários para feedbacks individuais, quando possível, podem ser bons caminhos.
Além disso, desenvolver uma política de portas abertas para qualquer aluno que busque ajuda ou suporte adicional também contribui para sua acolhida socioemocional.
4. Fornecer feedback frequente e positivo
Essa prática tem uma forte base de evidências para o aprendizado e incentiva o envolvimento do aluno e sua segurança socioemocional. Também pode ajudar a conter a ansiedade, a aumentar a confiança, a fortalecer relacionamentos e a melhorar o aprendizado.
5. Estabelecer práticas para gerar senso de pertencimento
Um senso de pertencimento à escola e à sala de aula é essencial para a sensação de conforto socioemocional e disponibilidade dos alunos para aprenderem nesse momento ímpar.
Criar laços com colegas, educadores e outros membros da equipe da escola e estabelecer sentimentos de pertencimento à escola contribuem para a acolhida e para o engajamento do estudante.
Desenvolver projetos colaborativos que gerem um impacto positivo na comunidade, por exemplo, pode ajudar para que o aluno sinta-se responsável e perceba que pode contribuir para o bem-estar de outra pessoa. A partir desse tipo de experiência, se criará de forma colaborativa um ambiente onde os alunos sentem que se encaixam, estão seguros e podem continuar a crescer, aprender e ajudar quem está à sua volta.
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