Storytelling (story + telling) significa contar história. É um método hábil de contar uma história, com alto poder de persuasão, capaz de emocionar e entreter o ouvinte.
A indústria cinematográfica é um grande exemplo de storytelling: quem nunca imaginou ser o protagonista do filme, o herói que salva a cidade? Isso é storytelling. A capacidade de envolver o receptor, fazer com que ele se sinta parte da história, fazer com que haja reciprocidade e envolvimento.
Para a utilização do storytelling, é preciso conhecer o público-alvo para que a narrativa seja assertiva. Emissor e receptor precisam estar conectados, compartilhando ideias e experiências em comum. Durante a narrativa, o ouvinte precisa estar integrado na história, com suas experiências ou emoções.
Qual é o lugar ideal para se contar histórias? A sala de aula.
Na educação, o storytelling ensina através da experiência humana, com narrativas contextualizadas e envolventes, conectando alunos e professores para que compartilhem experiências.
Como usar o storytelling nas aulas?
Um dos meus recursos didáticos mais aclamados pelos meus alunos era a minha caixa de fantasias, uma caixa de papelão grande, muito bem encapada e que levava a identificação “apresentações”. Nela, continham inúmeras fantasias, desde simples óculos coloridos e chapéu de cangaceiro a fantasia de fada com vestido, chapéu e varinha.
Quando eu pegava a caixa, os alunos já sabiam que algo diferente estava por vir. Ao invés de simplesmente expor o conteúdo da vinda da Família Real ao Brasil em 1808, contava a história sob a perspectiva do rei Dom João. Com a coroa em minha cabeça, eu me transformava no rei de Portugal e narrava a história. Em seguida, narrava sob a perspectiva de um colono brasileiro que avistava a Família Real aportando no Brasil.
A “contação” da história, por conta dos personagens e da forma de narrar, prendia a atenção dos alunos. Às vezes, colocava-os como personagens para participarem da história. Enquanto ia narrando, eles iam prestando atenção e, então, de repente, eu dizia “Rafael, agora você faz parte da nobreza que veio junto com a Família Real, me acompanhe” e ele me acompanhava durante a narração da história.
Depois de um tempo, percebi que praticava o storytelling sem saber, e então fui aperfeiçoando essa prática.
Percebi que, na maioria das vezes, o aluno aprendia o conteúdo sem a responsabilidade forçada de aprender. Eles ouviam a história, prestavam atenção e compreendiam o conteúdo sem esforço. Várias vezes, durante a execução de alguma atividade, eu ouvia a seguinte frase “Professora, essa questão aqui eu sei, é sobre aquela história que você contou e que Clara te ajudou sendo a fazendeira”. Eles não memorizavam o conteúdo, eles se lembravam da história, que de alguma forma chamava a atenção e consequentemente fazia-os aprender o conteúdo.
Não sei se foi perceptível, mas, quando contei a minha experiência em sala de aula, utilizei o storytelling.
Seguem algumas dicas para começar a usar o storytelling nas suas aulas:
Crie personagens com características peculiares para que os alunos se familiarizem com eles;
Opte por criar histórias interdisciplinares que abarquem diferentes disciplinas ao mesmo tempo;
Faça com que os alunos participem da história, seja como personagens ou até mesmo criando algum capítulo para compor a narração;
Se possível, utilize fantasias e adereços, pois fazem com que a narração da história seja mais divertida.
Ao contar histórias aliadas ao conteúdo do componente curricular em sala de aula, o professor promove uma aprendizagem mais envolvente.
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* Vanessa Leite é formada em História pela Universidade do Vale do Paraíba e Pedagogia pela Universidade de Taubaté. Foi professora de Ensino Fundamental I e II, Ensino Médio e atuou na Educação de Jovens e Adultos por sete anos. Atualmente faz Pós-graduação em Gestão Escolar na USP, é analista de Pesquisa e Desenvolvimento de Produtos Educacionais e atua na área da Educação há mais de 10 anos.